Trata-se de uma técnica com a qual eu tenho grande experiência com mais de 600 TRAM realizados desde 1989, para a qual eu instaurei um procedimento que a torna bastante fiável, reduzindo à 1% o risco de necrose parcial do retalho.
O TRAM é um retalho utilizando um dos dois músculos reto abdominais da parede abdominal, separado em sua parte inferior na qual caminham os vasos epigástricos levando a vascularização ao retalho cutâneo-gorduroso pelos vasos perfurantes.
Os vasos epigástricos superiores e inferiores se reúnem no músculo reto abdominal.
Antes da preparação, o fluxo vascular epigástrico inferior é predominante.
Para melhorar o fluxo vascular (e diminuir assim o risco de má vascularização e de necrose ulterior do retalho) uma preparação é realizada previamente. Ela consiste em uma ligadura dos vasos epigástricos inferiores que inverte o sentido do fluxo vascular e restabelece a vascularização pelos vasos epigástricos superiores.
Ela pode ser feita cirurgicamente (por vezes ao mesmo tempo que a mastectomia, se esta reconstrução já estava prevista inicialmente) ou por embolização (no serviço de radiologia vascular da clínica da orangeria, sob anestesia local).
A angiotomografia realizada em seguida mostra a qualidade da vascularização epigástrica superior e dos vasos perfurantes,
e verifica que ela é suficiente para uma boa vascularização do retalho. Se essa vascularização é assimétrica, angiotomografia permite de escolher o melhor lado.
A remoção do músculo cria um enfraquecimento da parede abdominal que os pacientes não sentem em seu cotidiano. O risco de relaxamento da parede abdominal ou de eventração é evitado pela introdução de uma tela no momento da operação se a parede parece frágil, para a reforçar. Essa tela não absorvível será totalmente imperceptível em seguida pela paciente. Na minha série, 60% das pacientes receberam uma tela no momento da reconstrução, 2% apresentaram um relaxamento parietal ou uma eventração em pós-operatório, e somente a metade delas (1%) necessitaram ser reoperadas em consequência disso.
A reconstrução com TRAM gera um resultado bastante natural, com uma abdominoplastia associada.
Ela é contraindicada para pacientes apresentando um risco vascular arterial (arterite ou fenômeno de Raynaud), ou de trombose venosa (doença de Leiden com mutação do fator V da coagulação). Devido ao aumento dos riscos ligado ao tabaco e à obesidade, eu proponho essa técnica somente às pacientes não fumantes ou tendo parado de fumar definitivamente há 6 meses, com um índice de massa corporal inferior à 30. A idade é também um fator de risco e toda paciente de mais de 60 anos deverá estar em excelente condição de saúde.
Essa cirurgia pode às vezes resultar em um relooking muito favorável à paciente.
Ela pode até mesmo ser adaptada quando o abdômen não parece volumoso e que o IMC é inferior à 20.
Ela pode ser utilizada mesmo em caso de cicatriz mediana infra-umbilical, utilizando então somente a metade dos tecidos infra-umbilicais.
Em determinadas situações (reconstrução imediata ou paciente não suportando mais uma reconstrução com prótese), o TRAM pode ser utilizado desepitelizado limitando assim as cicatrizes.
Mais raramente o TRAM pode ser realizado de maneira bilateral, com maior risco para a parede abdominal
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